domingo, 25 de julho de 2010

Música também é Cultura


Há Tempos, hoje já muito distantes, encerrados agora na memória, lembro-me que as capas dos antigos Discos de vinil (ou k-7s) tinham uma inscrição: "Disco é cultura"
Um sentimento que me envolvia ao comprar aqueles Discos e fitas (hoje artigos de museu) era o de estar comprando algo muito importante e me sentia privilegiado por poder adquirir aquele produto..que para mim era muito nobre...Adorava comprar discos..rs... Buenas...os tempos mudaram...A musica e a cultura também...

A questão é que a música mudou muito e para pior...Não sei se ando lendo ou vendo demais filmes sobre teorias da conspiração, mas o fato é que, tenho a nítida impressão que existe um "grande plano de emburrecimento mundial"...
Sei que parece roteiro de filmes do Agente 86 ( personagem de seriado dos anos 70 enterrado nos escombros do tempos) onde sempre havia uma agência de Espionagem do mal querendo dominar o mundo através dos métodos mais bizarros...
Por mais idiota que seja este sentimento ele aflora quando vejo que a TV, o rádio, programas e a mídia em geral "entupir" nossas orelhas com verdadeiros lixos....e isto vem sendo impregnado, paulatinamente a anos, na cultura do povo que ela se tornou irremediavelmente corrompida... Acho injusto com as gerações que hoje são bombardeadas com tal conteúdo, pois sequer optaram por escolher algo melhor pois na verdade não lhes foi mostrado...
Não acredito que estes dirigentes de gravadoras realmente achem "artistico" esta legião de artistas ruins que assolam o mundo musical e de sub-celebridades, coisas abominaveis como centenas de mulheres-frutas, funks cariocas (putz, o funk na sua essência, com James Brown, George Clinton e várias bandas como Earth, Wind & Fire, Parliament, Funkadelic, Le freak, etc. eram muito legais, com músicos muito bons e linhas de baixo e vocais maravilhosas) e nada tinha a ver com este tal "funk" carioca, que consite numa uma bateria eletrônica em cima de um sampler de uma música já famosa, onde uma pessoa com voz e entonação de marginal fala sobre criminalidade, impropérios, e baixarias), além de clones e mais clones de setanejos, pagodeiros todos eles iguaizinhos uns aos outros, tanto que nunca sei quem é quem... A criatividade é zero....Enfim isto não pode ser normal..isto nao pode ser uma "decorrência" dos novos tempos...
E eu me indagava: Será que ninguem do meio jornalístico especializado não vêem isto?? Será que ninguém tem a decencia de falar que esta música é um lixo?? Ao invés de sempre alegar aquele "argumento furado": A voz do povo é a voz de Deus" ou "É o que o povo gosta" ou ainda:" A cultura popular é isso mesmo...é o que vende e quem reclama é por que é metido a intelectual ..." O que é uma inverdade total, pois pra ser popular nao precisa ser tosco, bizarro e de baixa qualidade... O fato de ninguém reclamar com veemência sempre me incomodou...
Mas às vezes, temos gratas surpresas...
Quando alguém oriundo da "dita" mídia especializada também se sente incomodado... Há uma luz no final do túnel...E o melhor, Fala, questiona e expõe a ferida (já putrafando) de toda esta maracutaia...Então me faz crer que nem tudo está perdido e nem todos estão envolvidos na tal "conspiração".

E neste caso, me refiro ao Jornalista REGIS TADEU, editor entre tantas das revistas Cover Guitarra e Cover Baixo (que eu adoro..afinal sou músico..rs..), publicou na sua coluna do Yahoo expondo de maneira muito franca e brilhante toda esta questão, se nao vejamos,a coluna que transcrevo na integra, mas poderá ser lida também no link:(http://colunistas.yahoo.net/posts/3574.html) Vamos a ela:
Palavra de honra: minha intenção inicial era escrever sobre coisas bacanas, mas, como sempre, algo desagradável vem chamando a atenção de meus míseros neurônios. Refiro-me ao inacreditável festival de repugnância musical proporcionado por algumas emissoras de TV. Como se já não bastasse a baixíssima – para não dizer inexistente – qualidade de alguns programas, estamos agora presenciando algo que beira o inacreditável: músicas de péssima categoria sendo tratadas como arte.

Está na cara que isso não passa de mais um capítulo no cada vez mais veloz processo de emburrecimento ao qual toda a Humanidade está sendo submetida. Só isso pode explicar entrevistas em que “mulheres-frutas” anunciam lançamentos de discos que jamais ocorrem e programas desesperados por audiência apresentando ora bandas de um pretenso “forró” que, na verdade, não passam de agrupamentos de músicos comandados por empresários espertos – se você acha que aberrações como Calcinha Preta, Dejavu e outros fazem “forró”, está na hora de entrar em uma escola de música e tomar algum remédio contra a surdez -, ora recebem duplas sertanejas surgidas do nada que, sabe-se lá por quais “motivo$$$$”, já surgem lançando DVDs e apregoando que já possuem “ônibus próprio” e outras afirmações de pujança, quando sequer começaram a construir uma carreira. Nem vou comentar a respeito da presença de “funkeiros” e de tipos como o Latino porque não estou a fim de ficar com o meu estômago embrulhado…

Talvez as pessoas estejam realmente propensas a assumir um estado de espírito em que seja possível enxergar graça no que é musicalmente repugnante. É duro admitir, mas a burrice parece ter se tornado item de cesta básica.

Acho necessário analisar as coisas sobre o ponto de vista da baixeza moral. Por que existe tanta gente sem um pingo de talento genuíno disposta a fazer qualquer coisa para ganhar dinheiro e aparecer na TV por intermédio da… ahn… “música”?

A resposta pode estar no fato de que essa imensa massa de imbecis está totalmente desiludida com os benefícios que a aquisição de cultura pode trazer ao espaço que existe entre suas orelhas. A turba de idiotas prefere o caminho mais fácil, que passa pelo constrangimento de expor suas vergonhas intelectuais em cadeia nacional, servindo como modernos bufões para o divertimento da corte por meio de músicas desprovidas até mesmo de algum tipo de diversão. Como explicar que pessoas como a tal “Stefhany” (sim, aquela do “Cross Fox”) seja tratada – da maneira mais sordidamente hipócrita – como “cantora” nos programas de TV em que ela volta e meia aparece? Infelizmente, a música – salvo raras exceções – virou um tipo de atração televisa equivalente aos exames de DNA, às pegadinhas amadoristicamente forjadas e encenadas, que tem o mesmo equivalente artístico da convivência forçada dentro de uma casa ou de uma fazenda.

E tudo isso nada mais é do que o reflexo inequívoco de que a convivência com a realidade está anestesiando as pessoas. O mais apavorante é que esse fenômeno está acontecendo em escala mundial. Quase toda a indústria musical – e do entretenimento em geral – está comprometida em fazer com que todos nós não percamos tempo em pensar – vide o recente surgimento de “desgraceiras” como Jonas Brothers, Lady Gaga, Justin Bieber e seus equivalentes nacionais em termos de falta de qualidade, como Fresno, Restart e outros menos representativos. Há uma aura de “democracia” quando os responsáveis por tal empreitada alegam que tudo o que fazem é “dar ao público o que ele quer”. Ledo engano. O que se celebra é a socialização da burrice. Finalmente, conseguimos a proeza de profissionalizar a idiotice.

Musicalmente falando, a TV brasileira vem se tornando cada vez mais um receptáculo eletrônico que emana cada vez menos imagens e sons carregados de minúsculas doses de cultura musical digna. Até quando você vai aceitar isso?

Nenhum comentário:

Postar um comentário